Reindustrialização verde pode impulsionar até 275,3 bi de investimentos adicionais em geração renovável

Reindustrialização verde pode impulsionar até 275,3 bi de investimentos adicionais em geração renovável

         Em cenário de crescimento moderado, os investimentos adicionais em geração de energia eólica e solar estão previstos em R$163,6 bi; em cenário de crescimento acelerado, podem chegar a R$ 275,3 bi.

O Brasil ampliou neste ano seu compromisso de redução de emissões de gases de efeito estufa para até 67%, até 2035, em relação aos níveis registrados em 2005. A transição energética e a reindustrialização verde estão no centro da estratégia rumo à neutralidade de carbono até 2050, ao lado da conservação das florestas tropicais. Para implementar essa agenda, o necessário alinhamento do país a megatendências como eletrificação da sociedade, armazenamento de energia, hidrogênio verde, veículos elétricos, recursos energéticos distribuídos, entre outras, pode impulsionar investimentos da ordem de R$ 275,3 bilhões de reais, segundo estudos da Envol Energy Consulting, consultoria de energia que inicia atividades no Brasil.

“Políticas de desenvolvimento sustentável tendem a elevar o consumo per capita de energia elétrica no Brasil para um nível mais próximo ao de países desenvolvidos”, explica Alexandre Viana, CEO da Envol. Esta foi a premissa para um estudo com base em três cenários. “A análise consolidada dos investimentos em geração de energia renovável aponta um total de R$ 328,4 bilhões no cenário atual, sem a implementação de políticas de reindustrialização verde; mas, com a promoção de um novo ciclo industrial no país, uma neoindustrialização alinhada à eletrificação, à transição energética e à descarbonização, a expectativa de investimentos é de R$ 492 bilhões no cenário de crescimento moderado e de R$ 603,7 bilhões no cenário de crescimento acelerado”, destaca o executivo.

Investimentos em geração de energia renovável

O cenário atual tem como referência a carga utilizada na contabilização da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), com o crescimento seguindo as taxas esperadas no Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2034: para o horizonte 2025-2028, um crescimento da demanda de 2,8% ao ano, enquanto entre 2029-2034 o crescimento esperado seria de 3,1% ao ano. Os investimentos previstos, considerando-se esse contexto, é de R$ 328,4 bilhões em geração de energia solar fotovoltaica e eólica no Brasil.

Considerando-se a trajetória adotada com o Marco Legal do Hidrogênio (Lei nº. 14.948/24), assume-se que o país implementará nos próximos dois anos mais políticas com alcance no Setor Elétrico Brasileiro, como também em demais setores da economia, para uma reindustrialização verde.  Nesse sentido, destacam-se também projetos de lei em tramitação para o regramento de usinas eólicas offshore e do armazenamento de energia, entre outros temas considerados megatendências na transição energética, tais como os recursos energéticos distribuídos, os veículos elétricos e a eletrificação de processos industriais.

Devido ao tempo natural de maturação de políticas estruturantes, o estudo desenvolvido pela Envol considera que o crescimento do consumo per capita e total deverá seguir até o ano de 2027 a taxa prevista no PDE 2034. Todavia, a partir de 2028, um ciclo de crescimento mais acelerado de consumo teria início. Com base em um modelo matemático com abordagem “top-down”, propõe-se que o Brasil começaria um processo de convergência para o consumo per capita dos países desenvolvidos. A análise adota a média de consumo dos países do G-20 como referência – isso significa um consumo per capita de 5.275 kWh/ano, sendo que o nível brasileiro atual é de 3.200 kWh/ano (considerando consumo no grid e a geração distribuída).

O cenário moderado considera um ritmo de crescimento que objetiva atingir 5.275kWh/ano no longo prazo (2052), porém no final do ciclo de análise (2034) o consumo está em 4.778 kWh. Para atender à demanda, a expectativa de investimentos é de R$ 492 bilhões – um valor adicional de R$163,6 bi em relação ao cenário atual.

Caso o Brasil adote fortemente uma agenda de reindustrialização verde, a atração de investimentos pode ser ainda maior. “Quando os grandes atores internacionais nas esferas governamental, tecnológica e empresarial planejam e pensam em transição energética ou em como promover megatendências energéticas visando tornar a sociedade mais eficiente, naturalmente consideram o Brasil como um mercado chave”, afirma Viana.

No cenário de crescimento acelerado, também elaborado a partir de modelo matemático, consumo per capita de energia elétrica estaria em 5.123 kWh em 2034, e chegaria perto do consumo de referência ao redor de 2040. A demanda projetada seria de 128 GW e o total de investimentos esperado, de R$ 603,7 bilhões – R$ 275,3 bi acima do cenário atual.

Regulação terá papel estratégico

A regulação de temas como hidrogênio verde, armazenamento de energia, recursos energéticos distribuídos e outros visando uma estrutura que atraia investimentos, sem onerar excessivamente o consumidor ou o contribuinte, será um dos grandes desafios do setor elétrico nos próximos anos.

“O Brasil possui tradição em regulação, tendo como exemplo os investimentos em geração: com uma regulação considerada de boa qualidade para os padrões internacionais, o segmento de geração instalou mais capacidade instalada na era de leilões e mercado livre do que em toda a história prévia do setor”, destaca Viana. “Levar em conta este exemplo para estruturar a regulação das novas tecnologias será fundamental, porém cuidados devem ser tomados com encargos e subsídios”, alerta o executivo.

Além de impulsionar investimentos em fontes renováveis de energia, o protagonismo do Brasil na transição energética e a agenda de reindustrialização verde têm demandado também, estudos de mercado, análises e serviços de consultoria em diversos níveis. A Envol Energy Consulting, fundada por Alexandre Viana, iniciou atividades no Brasil neste mês, com a perspectiva de posicionar-se entre as três principais empresas do segmento em três anos.

“O mercado de consultoria em energia tem crescido globalmente, porque a pressão internacional em prol da transição energética e a rápida evolução tecnológica estão dinamizando os sistemas elétricos e transformando os mercados”, afirma Viana. Segundo empresas globais de pesquisa de mercado, esse segmento deve movimentar US$ 17 bilhões em 2024, mundialmente. O Brasil representa uma fatia importante desse montante, por conta da segurança jurídica e das condições favoráveis à geração renovável.

Alexandre Viana, economista e pós-doutor em Sistemas de Potência, conhece a fundo o mercado brasileiro. Integrou por 18 anos os quadros da CCEE, além de passagens pelo gerador chinês SPIC, onde montou a mesa de trading e os canais de venda no mercado livre, e pela Thymos Energia, no cargo de COO. Viana também deu apoio à USAID (agência do governo americano) em projetos relacionados a energias renováveis e mercados de energia na África e sudeste asiático entre 2016-2018.

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Fonte: www.osetoreletrico.com.br