Como os sistemas de controle de iluminação podem ajudar no combate à poluição luminosa

Como os sistemas de controle de iluminação podem ajudar no combate à poluição luminosa

No mês de outubro de 2023, por intermédio da professora Sílvia Carneiro, que é arquiteta e pesquisadora da área de iluminação, tive a oportunidade de falar sobre como os sistemas de controle de iluminação podem ajudar no combate à poluição luminosa durante um webinar organizado pela DarkSky Brasil, entidade que atua para redução da poluição luminosa em mais de 70 países. No mesmo mês, também tive a oportunidade de participar de outros eventos onde o tema foi discutido, evidenciado a necessidade de ampliarmos o debate sobre esse assunto, afim de promover mudanças positivas no mercado de iluminação.

O tema Poluição luminosa já foi apresentado aqui na coluna, inclusive em artigos escritos por mim e pela professora Sílvia. No entanto, com a revisão da NBR 5101 – Iluminação Pública, o tema ganha maior relevância, uma vez que alguns itens específicos desta norma tratam, não somente sobre poluição luminosa, mas sobre iluminação adaptativa, que deixa claro quando e como é possível, através de sistemas de controle/telegestão, regular o fluxo luminoso.

Isto permite que, em determinados horários e situações, se reduza o nível de luz e gere menos poluição luminosa, além da economia de energia elétrica. Assim como esta dimerização é possível de ser feita no início da vida útil dos equipamentos de iluminação, quando emitem mais luz e proporcionam níveis acima dos desejados, para que no final da sua vida útil, mantenham-se os requisitos normativos. Com os sistemas de controle, é possível, no início da vida útil, fazer a dimerização e assim não atingir níveis acima dos especificados e projetados.

Para além da iluminação pública, este controle ajuda a diminuir o desperdício de energia e a poluição luminosa em prédios e grandes edificações comerciais e residenciais. Embora esses edifícios já busquem obter a certificação LEED, que exige o sistema de controle, que as fachadas devem ser apagadas a partir da meia noite até as 6h da manhã, os sistemas de controle também podem flexibilizar a atuação da luz somente no horário e na quantidade necessária, auxiliando, desta forma, a gerar o menor impacto possível de luz que acabaria indo para o céu. Da mesma forma, é importante que estes valores sejam medidos e técnicas e valores aprimorados a fim de reduzir ainda mais a contaminação do céu pelas luzes. LEED e outras certificações são um passo importante para a qualificação dos projetos.

Luminárias públicas com diferentes temperaturas de cor a serem aplicadas, de acordo com a situação e com cada horário da noite, já estão desenvolvidas, vendidas e aplicadas por fabricantes internacionais, em projetos diversos nas cidades. Assim como luminárias com baixas temperaturas de cor e baixa emissão de luz azul em seu espectro de luz. Enquanto isso, por aqui, ainda se discutia a viabilidade de luminárias com temperatura de cor reduzida que já é tendência mundial.

Também é importante ressaltar que em outubro de 2023, passou a vigorar no Chile, através do Ministério do Meio ambiente daquele país, a norma que limita e regulamenta as emissões máximas de luz artificial no período noturno. A fim de preservar o céu e o meio ambiente, estão disponíveis como exemplo de boas práticas e de políticas públicas em benefício da população e da natureza, requisitos que poderiam e deveriam ser adotados por vários países. Limitação dos níveis de azul, limitação da luminância máxima de painéis de publicidade e níveis máximos de iluminância e luminância, são exemplos do que trata esta publicação chilena. Em meio a esta evolução, fica a pergunta de quando avançaremos no Brasil para chegarmos em níveis técnicos de excelência nos regulamentos e nos projetos de iluminação, para que as tecnologias de iluminação e de sistemas de controle, sejam aplicadas em larga escala no país, de acordo com as boas práticas mundiais. Classificar e estabelecer linha de corte das fotometrias das luminárias públicas para aquelas que sejam “amigas do céu escuro”, já poderia ser critério de PPPs de iluminação pública e critério do SELO PROCEL.

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Fonte: www.osetoreletrico.com.br