11 mar Quadros e meio ambiente. É possível atender a todos os interesses?
Na semana entre 18-25 de janeiro de 2020, ocorreu, em Davos, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial, idealizado por Klaus Martin Schwab, engenheiro e conomista alemão, que desde 1971 reúne os principais líderes empresariais e políticos, assim como intelectuais e jornalistas selecionados para discutir as questões mais urgentes enfrentadas mundialmente, incluindo saúde e meio ambiente.
Nesta edição de 2020, muitos assuntos foram discutidos, como era de se esperar, mas em especial, meio ambiente, sustentabilidade e aquecimento global foram protagonistas. Daí, o leitor deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com a construção, operação e manutenção de quadros elétricos? Bom, acho que tudo.
Desde o final do século XIX, a eletricidade tem ganhado muita importância, até se tornar absolutamente indispensável à vida e ao conforto modernos, em especial, desde a terceira revolução industrial, com a eletrônica, e agora, sobretudo, com a quarta revolução, onde a convergência digital é um caminho sem volta.
É então necessário analisar a quantidade de materiais utilizados para se construir todo esse exército de máquinas e aparelhos que facilitam a nossa vida, o impacto ambiental da produção, uso e, principalmente, o descarte ao final da vida útil de tudo isso. Bom, é aí que a coisa complica e muito.
Analisando a construção de quadros elétricos de baixa e alta tensão, temos muito a refletir. Muitos processos industriais dessa construção são geradores de resíduos e efluentes bastante danosos, seja ao meio ambiente, seja à qualidade de vida e saúde ocupacional dos colaboradores que trabalham nestes processos.
Para que a chapa de aço das estruturas seja resistente à corrosão, muitos processos solda, de tratamento químico, além de complexos métodos de pintura são utilizados, o que produz efluentes sólidos, líquidos, particulados e gasosos que são, no melhor dos casos, tratados e destinados para reuso ou descarte, mas em sua grande maioria, são descartados no meio ambiente sem a menor cerimônia. Em contrapartida, muitas indústrias nacionais e estrangeiras, já alinhadas com o conceito de sustentabilidade ambiental de seus processos, eliminaram esses métodos construtivos e investiram na produção baseada em materiais e métodos isentos de solda, banhos químicos e pintura em suas unidades fabris, inovando e investindo em novas tecnologias e processos alinhados com a quarta revolução industrial.
Esses são alguns exemplos de processos químicos ou eletroquímicos utilizados na fabricação de quadros elétricos, que devem dar espaço a novas tecnologias e métodos construtivos inovadores e alinhados com a consciência ambiental, cabendo somente aos usuários e especificadores fazer valer em suas especificações técnicas a não utilização destes processos em seus equipamentos.
É necessário também analisar o descarte de partes e peças após o final do ciclo de vida útil. Tantas partes podem ser recicladas, pois têm valor comercial como aço e cobre, mas muitos outros precisam ter a correta destinação, como disjuntores, chaves, instrumentos etc., por conterem tantas outras substâncias em sua composição, e simplesmente, são descartados no lixo que, ao final, vão parar em aterros sanitários.
Finalmente, é necessário sim analisar os métodos construtivos no momento da escolha do equipamento a ser adquirido hoje, mas também eu gostaria de lançar aqui essa discussão sobre a destinação daquilo que, à primeira vista, não tem valor comercial, o lixo elétrico e o resíduo da indústria elétrica. O que e como fazer?
Boa leitura!
*Nunziante Graziano é engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos pelo Instituto de Energia e Ambienteda Universidade de São Paulo (IEE/USP); Doutor em Business Administration pela Florida Christian University; membro da ABNT/ CB-003/CE 003 121 002 – Conjuntos de Manobra e Comando de Baixa Tensão e diretor da Gimi Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros Elétricos | nunziante@gimi.com.br
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Fonte: www.osetoreletrico.com.br