16 set Métodos de seleção de EPI para proteção contra arcos elétricos segundo a NFPA 70E 1- 3
A especificação e escolha de Vestimentas AR para proteção ao risco de arco elétrico é um tema complexo que gera dúvidas, principalmente devido à falta de conhecimento específico sobre o tema, além de “interesses” comerciais, onde informações e conceitos errôneos e inadequados são frequentemente apresentados.
Não temos, no Brasil, norma técnica específica sobre o tema, sendo que a Norma NFPA70E – Norma para Segurança Elétrica no Local de Trabalho (2024), é a principal referência normativa utilizada, e, dessa forma, o objetivo deste artigo é apresentar requisitos específicos sobre método de seleção de EPI para proteção contra arcos elétricos, constantes na referida Norma.
Dois métodos de seleção de EPI para proteção contra efeitos térmicos de arcos elétricos são apresentados no capítulo 130.5 (F) da NFPA 70E:
- Seleção pelo método de análise de energia incidente 130.5 (G)
- Seleção por categoria de EPI 130.7 (C) (15)
O princípio básico dentro da NFPA 70E é que um dos métodos, mas nunca ambos os métodos, devem ser empregados na seleção. Mas vamos tentar compreender melhor o porquê dessa distinção e condição de restrição.
Para alguns colegas de engenharia de segurança, o processo é uma conjunção dos dois modelos, mas na verdade, quando compreendemos melhor as filosofias dos métodos, temos um esclarecimento lógico da sua incompatibilidade.
É importante destacar que, nenhum dos métodos dispensa uma Análise de Riscos detalhada, documentada e revisada periodicamente!
Método de Seleção pela Energia Incidente
Dentro de um processo de análise de riscos, quando falamos do perigo relacionado aos efeitos térmicos de arcos elétricos, é fundamental o levantamento da severidade deste efeito físico. A forma estabelecida para o levantamento da severidade é a estimativa, ou como mais comumente conhecemos, o cálculo da energia incidente proveniente dos arcos elétricos.
A NFPA, traz em seu anexo D, alguns métodos recomendados, mas não se restringe aos mesmos. Em função de sua complexidade, podemos inclusive utilizar softwares de simulação para orientar os passos seguintes da análise de riscos. Dentre as recomendações, encontramos o método adaptado à fórmula teórica de Ralph Lee, para circuitos trifásicos, em corrente alternada. Também temos o método teórico de Doan, destinado a circuitos em corrente contínua, e os métodos empíricos como o de Doughty e Neil. Além desses, temos ainda o método mais empregado atualmente no ambiente industrial: a IEEE 1584.
O objetivo aqui não é detalhar os métodos, mas alguns pontos são fundamentais em cada aspecto analisado, onde há a probabilidade não nula de ocorrência de um arco elétrico, tais como: a tensão envolvida nos circuitos; a corrente de falha; a distância entre eletrodos; e o tempo de atuação da proteção e a distância de trabalho, onde, adicionalmente, podemos levar em conta ferramentas ou instrumentos que influem diretamente nessa distância de trabalho.
Com base em parâmetros, equações ou mesmo, alternativamente, softwares de simulação, é obtida então a Energia Incidente no ponto de Trabalho, e adicionalmente a Distância ou Limite de Aproximação Segura (LAS), que delimita uma área ou posição geográfica em relação ao ponto de interesse onde pode ocorrer o arco elétrico, onde a energia térmica (calor) não seria nociva ou perigosa ao ponto de gerar queimaduras de segundo grau. Essa energia é atualmente convencionada em 1,2 cal/cm².
Estabelecido o nível de severidade, processos para mitigar essa energia devem ser adotados e, quando a energia residual ainda atinge valores perigosos, do ponto de vista das prováveis queimaduras e outros efeitos danosos do calor, se procede a seleção do EPI destinado a proteção contra efeitos térmicos de arcos elétricos.
Desta forma, a Seleção é baseada em uma energia estimada, devendo ter uma resistência ao arco elétrico igual ou superior a essa estimativa de severidade já mitigada. Como exemplo, se em um processo de estimativa, a energia em um determinado ponto de interesse, ou em um conjunto de pontos de interesse em uma instalação elétrica, foi de 6,5 cal/cm², o EPI selecionado, para a distância de trabalho envolvida, deve ser de pelo menos 6,5 cal/cm². A única ressalva é que o processo é válido para a estimativa de energia nas fronteiras do corpo humano: peito e cabeça. Em determinadas distâncias, onde as mãos podem estar sujeitas a energias incidentes superiores em função da atividade, uma análise específica sobre a proteção das mãos deve ser conduzida.
Nos próximos artigos, continuaremos a abordagem sobre a interpretação da NFPA70E.
Sobre o autor:
Aguinaldo Bizzo de Almeida é engenheiro eletricista e atua na área de Segurança do trabalho. É membro do GTT – NR10 e inspetor de conformidades e ensaios elétricos ABNT – NBR 5410 e NBR 14039, além de conselheiro do CREA-SP.
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Fonte: www.osetoreletrico.com.br