14 abr É possível aplicar economia circular aos equipamentos elétricos? Parte 1 – Conceitos
Com todos os esforços mundiais para gestão de crises, em especial a mais atual, a da Ucrânia, que sucede a pandemia do SARS-COVID, fica muito em evidência a importância dos conceitos modernos de gestão com foco em meio ambiente, sustentabilidade e governança corporativa, a famosa sigla em inglês, ESG.
Há quem pense que é impossível construir um mundo sustentável e ter bons resultados financeiros em uma empresa. Engana-se, pois! Ter responsabilidade positiva com o meio ambiente, ter responsabilidade social e adotar melhores práticas de governança corporativa são, na verdade, fatores que ajudam no balanço das empresas e, sobretudo, na forma como enxergam e gerenciam os riscos associados aos seus negócios. Estudos mostram que empresas que buscam aprimorar suas práticas ambientais, sociais e de governança obtêm muitos impactos positivos, como maior lucratividade e aumento de seu valor de mercado em longo prazo.
Uma das principais estratégias associadas às melhores práticas ESG é enquadrar o negócio dentro dos conceitos de “economia circular”. Para entendermos melhor a origem da expressão, precisamos estudar os tipos de economia que podemos escolher: linear, reciclável ou circular. Veja as representações:
A economia linear, base do século XX, é ancorada na sequência: extração de recursos naturais, manufatura, uso pelo ciclo de vida planejado para o produto e, finalmente, a destinação como resíduo ou “sucata inservível”.
A economia reciclável, base do final do século XX e motivada pelos altos custos de obtenção e extração de recursos naturais, é baseada na sequência: extração de recursos naturais, manufatura, uso pelo ciclo de vida planejado para o produto, destinação para desmontagem e reciclagem de partes ou materiais e, finalmente, a destinação como resíduo para aterros ou gerenciamento de resíduos sólidos.
A economia circular baseia-se na ideia de Kenneth Boulding (economista norte-americano nascido na Inglaterra) de que a Terra deve ser vista como uma nave espacial, ou seja, “sem lixeira”, mas cuja principal medida do sucesso da economia não é a produção nem o consumo, mas a natureza, o prolongamento da qualidade e da complexidade do total do estoque de capital” (1966:9). É necessário para tal entender que a economia é próspera quando materiais circulam de forma inteligente e são produzidos de maneira que tenham um impacto positivo para as pessoas e para o planeta, sendo possível fazer com que o “desperdício”, refugo, sucata, descarte ou qualquer recurso não utilizado em um sistema, seja o “alimento”, matéria-prima, insumo, mistura ou componente inicial para outro sistema produtivo, inexistindo então, o desperdício.
Dessa forma, é possível afirmar que a economia circular é baseada em três princípios: eliminar resíduos e poluição desde o princípio, manter produtos e materiais em uso pelo maior tempo possível, e regenerar sistemas naturais.
Encerramos aqui a conceituação do tema e, para a próxima edição, traremos a abordagem prática do assunto para a economia dos equipamentos elétricos. Não perca!
Boa leitura!
Autor:
Nunziante Graziano, engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/ USP), Doutor em Business Administration pela Florida Christian University, Conselheiro do CREASP, membro da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do CREASP e diretor da Gimi Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros elétricos | nunziante@gimipogliano.com.br
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Fonte: www.osetoreletrico.com.br