A jornada disruptiva na Indústria de Energia e Recursos Naturais

A jornada disruptiva na Indústria de Energia e Recursos Naturais

Manuel Fernandes*

Num processo irreversível, o uso da tecnologia na indústria de Energia e Recursos Naturais cresce exponencialmente. Soluções transformacionais baseadas em inteligência artificial, robótica e big data têm sido utilizadas de forma ampla globalmente e no Brasil, contando com o papel fundamental das startups. As empresas de tecnologia e de soluções têm aumentado o investimento em análise de dados, internet de tudo, blockchain, computação cognitiva e automação buscando a integração digital dos processos implementados pelas grandes petroleiras, mineradoras e companhias elétricas, que já fazem parte da rotina operacional.

Seguindo as Indústrias Financeira e de Educação, pioneiras no uso de tecnologias inovadoras, o setor de Energia e Recursos Naturais se movimenta rumo à Indústria 4.0. As mudanças nunca aconteceram em ritmo tão acelerado e a tendência é o aumento da velocidade e complexidade em busca de maior eficiência operacional, com a implementação de modelos ágeis de gestão, foco no aumento da produtividade e do lucro no menor tempo possível, além da busca pela agilidade e flexibilidade nas linhas de produção.

A indústria de Energia e Recursos Naturais já utiliza tecnologias como simulação numérica, geolocalização, sensores, internet de tudo, segurança cibernética, impressão 3D, visão computacional, aplicações de big data, análises de dados, machine learning e inteligência artificial, biotecnologia, nano materiais, robôs, veículos autônomos, drones e blockchain, que estão sendo implementados pelas grandes companhias do setor.

Especificamente para indústria de petróleo e gás, o crescimento do uso de tecnologia ocorre também em função da busca pelo aumento da rentabilidade em relação ao preço de equilíbrio do barril. Nesse caso, o uso de sensores baseados em inteligência artificial, combinado ao uso de big data a análise de dados dos poços apoia, por exemplo, o monitoramento de performance de produção e dos reservatórios de um determinado campo. A melhoria de segurança de fatores de risco à vida humana e ao meio ambiente também é foco. Com a extração do óleo acontecendo a sete mil metros de profundidade, robôs têm a função de evitar acidentes envolvendo profissionais. Em mineração, é possível ver o uso de sensores e ferramentas precisas de geolocalização para detectar, por exemplo, sinais de um provável rompimento de uma barragem. Em energia elétrica, uma opção que está cada vez mais utilizada é a smart grid, medidor eletrônico inteligente integrado às redes de telecomunicação e de internet, que monitora o consumo de cada cliente em tempo real.

Apesar dos efeitos positivos da implementação da tecnologia no setor de Energia e Recursos Naturais, a indústria ainda enfrenta uma série de gargalos para que a digitalização seja efetiva. Um deles está na dificuldade dos reguladores em lidar com a rápida mudança tecnológica nos mercados em geral. O outro diz respeito a necessidade de encontrar as melhores ferramentas para utilização de informações sem que ataques cibernéticos afetem a produção e o funcionamento de uma plataforma de petróleo, por exemplo.

Não se trata apenas da introdução de tecnologia no setor de Energia e Recursos Naturais em busca de ganho em eficiência e produtividade, mas de um processo mais complexo que exigirá mudanças no modelo de negócios, integrado com digitalização, descentralização, descarbonização e democratização.

Não se questiona se, mas sim, quando todo o setor estará inserido em um novo patamar tecnológico transformacional. Não é ameaça, mas oportunidade. É a forma de a indústria mostrar como está disposta a embarcar nessa jornada disruptiva.

* Manuel Fernandes é líder do setor de Energia e Recursos Naturais da KPMG na América Latina.

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Fonte: www.osetoreletrico.com.br