O novo mapa da NBR 5419 de densidade de descargas atmosféricas entre nuvem e solo (NG)

O novo mapa da NBR 5419 de densidade de descargas atmosféricas entre nuvem e solo (NG)

O projeto da nova NBR 5419 apresenta valores atualizados para a densidade de descargas atmosféricas que atingem o solo (NG). Esse parâmetro, expresso em raios/km²/ano, é o principal insumo do gerenciamento de risco da norma, pois influencia diretamente a probabilidade de perdas e a frequência de interrupções de serviço. Os novos mapas constam no Anexo F da Parte 2 do projeto.

Figura 1 – Diferenças entre os mapas de NG

A Tabela 1 evidencia aumentos relevantes de NG nas capitais listadas, variando de 75% a 700%. Como o risco e a frequência de dano são proporcionais ao NG, apenas essa atualização já tende a elevar, nessas capitais, os resultados obtidos com os métodos vigentes na mesma ordem de grandeza. Para ilustrar, Salvador passa de 0,5 para 4 (↑700%) e São Paulo de 11 para 20 (↑82%), enquanto Belo Horizonte e Vitória dobram seus valores. O efeito prático é um impacto significativo no dimensionamento e na demanda por soluções de proteção contra descargas atmosféricas.

Tabela 1 – Comparação do NG de 2015 com o projeto da NBR 5419 (2025)

Os novos valores foram elaborados pela Divisão de Satélites e Sensores Meteorológicos do INPE (DISSM/INPE), pelo Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental da UFMT (PPGFA/UFMT) e pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento Energético da UFMT (NIEPE/UFMT). A base combina os registros do Lightning Imaging Sensor (LIS), a bordo do satélite TRMM/NASA, de 1998 a 2013, com dados da Rede Brasileira de Detecção de Raios (BrasilDAT) entre 2018 e 2022. Esse arranjo permite cobertura espacial ampla, série histórica longa e melhor representatividade das descargas nuvem-solo, além de favorecer a consistência entre observações orbitais e medições em solo.

O LIS detecta todas as descargas: intra-nuvem, entre nuvens e nuvem-solo. Entretanto, o NG deve considerar apenas as ocorrências nuvem-solo. Por isso, utilizou-se o Brasil DAT, cuja capacidade de detecção de descargas nuvem-solo é superior, para estimar a fração do total que corresponde a esse tipo específico e calibrar os mapas.

Adotou-se, ainda, o maior valor de NG observado em cada município como referência municipal e a utilização apenas de valores pares de NG. Esses critérios buscam homogeneizar as análises de risco de um mesmo município e incorporar a incerteza inerente ao processo de obtenção dos dados.

A atualização proposta alinha o NG à realidade de eventos mais severos, padroniza resultados dentro dos municípios, aproxima os cálculos da percepção de incidentes e eleva o nível de segurança de pessoas, patrimônio e instalações diante das descargas atmosféricas.


Sobre o autor:

José Barbosa é engenheiro eletricista, relator do GT-3 da Comissão de Estudos CE: 03:064.010 – Proteção contra descargas atmosféricas da ABNT / Cobei responsável pela NBR5419. | www.eletrica.app.br

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Fonte: www.osetoreletrico.com.br